segunda-feira, 13 de maio de 2013


QUI, 09 DE MAIO DE 2013 11:55 PAULA FURLAN COMPORTAMENTO
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Os rumos do mercado de consumo e a economia do nosso país são uma incógnita para muitos. E é sobre estes caminhos que discorreu o debate “Mercado interno e a nova classe média: nossos escudos contra a crise financeira e a economia global?”, durante o encerramento do Congresso Consumidor Moderno de Crédito, Cobrança e Meios de Pagamento - CCMCC. Segundo a mediadora do debate, a jornalista Miriam Leitão, a crise na Europa não deve acabar tão cedo, Os Estados Unidos crescem menos do que se esperam, bem como a China e o Japão há muito tempo está economicamente estagnado.

Apesar da distância aparente destes fatores, isto é determinante para definir o rumo da economia brasileira. Um dos consensos apresentados pelos debatedores Fernando Cosenza, Diretor de Marketing, Inovação de Sustentabilidade da Boa Vista Serviços; Paulo Roberto, Vice-Presidente da Caixa Econômica Federal; Renato Meirelles , Presidente do Data Popular; Ricardo Valadares Gontijo, Presidente da Direcional Engenharia e Romeo Zema,  Diretor Geral da Eletrozema foi: o escudo contra a crise externa financeira é o fortalecimento do mercado interno. Mas, na prática, como isso funciona?

Hoje o cenário brasileiro passa por um período muito peculiar, com a entrada de novas pessoas no mercado de consumo – a chamada nova classe média, ou classe C emergente. Essa nova capacidade de consumir e adquirir crédito dá dinamismo ao mercado, especialmente com as escolhas acertadas ocorridas nos últimos 20 anos, como a estabilização da economia,  combate à hiperinflação e os programas de inclusão social, como Minha Casa, Minha Vida.

http://consumidormoderno.uol.com.br/images/stories/classec.jpgE, apesar de o Brasil não apresentar no momento sinais de crescimento, o brasileiro continua otimista. Por quê?

Segundo o presidente do instituto Data Popular, Renato Meirelles, o Brasil é o único país do BRIC – bloco econômico de países emergentes que engloba, ainda, Rússia, Índia e China. – cujo crescimento acontece com a redução da desigualdade social. Mas Renato faz um alerta sobre este caminho: “Brasil precisa melhorar aumento da produtividade a exemplo da Índia e China e tomar o exemplo da educação da Coreia do Sul”. Para eleo mercado interno é e ainda será um cenário que segura o Brasil durante a crise internacional.


Educação X profissionais

Para Ricardo Valadares Gontijo da Direcional Engenharia, o modelo de crescimento com atividade econômica sustentada pelo consumo está próximo do esgotamento. “Fazer com que cada brasileiro produza mais do que já produzia é a única forma de crescer. E o maior desafio são educação e infraestrutura para qualificar profissionais”, afirma.

Aliás, a falta de mão de obra qualificada também é um assunto que parece preocupar todos os participantes do debate. Para Romeu Zema, a possibilidade de contratar mão de obra estrangeira pode ser uma alternativa à falta de pessoal habilitado para assumir determinadas funções. Gontijo, por outro lado, acredita que a melhor escolha seja qualificar o profissional brasileiro, a fim de evitar cenários urbanos mais encharcados e dar oportunidades a quem está aqui.


Crédito – vilão ou mocinho?

Muito se fala sobre o papel do crédito na vida do consumidor brasileiro e da economia. Por vezes é enxergado e pintado como o principal responsável pelo superendividamento da população e, consequentemente, pela inadimplência. Mas será que isso é real?

De acordo com Fernando Cosenza, da Boa Vista Serviços, uma pesquisa apontou que o jovem consumidor – ou seja, aquele que adquiriu recentemente a capacidade de comprar – é de 20% a 22% mais inadimplente que o consumidor que já possui crédito há mais tempo. Ou seja, falta maturidade ao consumidor e até mesmo ao mercado de crédito. “É preciso a maturação do crédito, conhecer o consumidor para prevenir resultados indesejáveis”, diz Paulo Roberto, da CEF, que reitera que a demanda por crédito continua, mas que deve haver renovação nos ciclos de crédito. “O aumento de produto de credito e aumento do sistema financeiro, merece esforço conjunto por agenda de melhorias”, afirma.

Para o representante da Boa Vista, é inegável que o crédito teve a ver com o crescimento da economia, mas a relação Crédito-PIB em 6 anos cresceu 60% e o endividamento das famílias acompanhou este movimento, crescendo 65%, bem como comprometimento da renda cresceu 22%, juros caíram 28%, o que explica porque o comprometimento da renda cresce mais que o endividamento. A solução, segundo ele é: “Educação financeira deve ser de ambas as partes, cliente e credor, com a sustentabilidade na análise de risco, para que o crédito seja concedido com segurança”. Para ele, ainda, o maior responsável pelo crescimento da inadimplência e seu impacto negativo, na atual condição, é a inflação e não o aumento da tava Selic de juros.

E, afinal, chegamos ao limite do crédito? Para Renato Meirelles, não. Ele afirma que o crédito no país ainda não é condizente com o de uma das maiores economias do mundo. Países menores que o Brasil apresentam índices maiores de crédito. Para ele é importante oferecer créditos a quem não tem crédito, aumentando a base de tomadores de crédito. “55 milhões de brasileiros não tem conta em banco e movimentam centenas de milhões por ano. Existe conjunto enorme de consumidores a margem do mercado financeiro”.
 


A nova economia brasileira

Sim, a economia no Brasil hoje é pautada pela Classe C, mas algumas camadas dessa nova classe emergente podem estar sendo deixadas pelo caminho do mercado de consumo. O presidente do Data Popular enumera alguns dos principais mudanças que devem ocorrer para acelerar a economia.

Começar a enxergar mercados com pouca atenção:Interior dos pais, consome 1,1 trilhões de reais por ano, mas muitos não conseguem distribuir no interior como deveriam, mesmo com o potencial deste mercado

Valorizar o mercado interno nas favelas: 12 milhões de brasileiros moram em favelas, o valor movimentado neste mercado é equivalente ao PÌB da bolivia, 85% das compras feitas por este consumidor são pagas à vista, sem mecanismos de crédito, a população ainda é pouco bancarizada. Se fosse um estado brasileiro, a população que mora em comunidades equivaleria ao quinto maior estado do país.

Portanto, como explica a mediadora Miriam Leitão, este panorama mostra que o Brasil pode não ser um país que cresce, mas que se transforma continuamente. Cabe ao mercado adequar seus produtos e serviços, para que o consumo continue acelerado, de forma a proporcionar melhores e mais seguras experiências para empresas e consumidores

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